O debate presidencial entre os socialistas Manuel Alegre e Defensor Moura foi de concordância na maioria das matérias. Os candidatos mostraram-se menos concorrentes e mais aliados, com o objectivo de obrigar Cavaco Silva a uma segunda volta nas eleições, para que o próximo presidente seja da esquerda partidária.
Essas intenções ficaram claras no discurso de Defensor Moura, que sublinhou o risco da eleição de um presidente e um governo de direita. Alegre reforçou que «está em causa a forma e o conteúdo da democracia». «As pessoas num país como o nosso precisam de serviços públicos», acrescentou.
As medidas avançadas pelo governo, em matéria laboral, também mereceram as críticas dos candidatos. «Parece que se está lutar para facilitar o despedimento e não criar emprego», afirmou Defensor de Moura, acusando o governo de obedecer a «sugestão de fora». Manuel Alegre insistiu que as medidas são «um sinal errado, porque facilita os despedimentos»,sublinhando igualmente que se trata de «pressões que vêm de fora».
Os dois socialistas uniram-se sobretudo nas críticas a Cavaco Silva. «O Presidente já devia ter dado uma palavra contra a pressão exercida contra Portugal. Cavaco dizia que não adiantava falar com o FMI. Isto é grave. Se diz isso, cada vez menos nos ligam. A função do Presidente é a de exercer pressão junto dos chefes de Estado para mostrar que a subida dos juros é feita por agiotas que não têm legitimidade», acusou Alegre.
in jornal “A BOLA”