Manuel Alegre em Águeda, sua terra natal
Foi com comoção que Manuel Alegre falou às mais de mil e quinhentas pessoas que vieram apoiá-lo no jantar comício de Águeda, “terra dos meus primeiros passos, terra em que aprendi a ler e a escrever”. Recordando em jeito de balanço os “momentos altos e intensos” vividos nesta campanha e “a mobilização do povo de esquerda, que está a levantar-se e a unir-se”, Manuel Alegre lançou um aviso veemente: “Não façam batota, não façam manipulação”, porque “nada vencerá a nossa convicção democrática, nada! nada!”. Reagindo a declarações de Cavaco Silva, que esta manhã disse querer ser eleito à primeira volta para poupar dinheiro ao Estado, Manuel Alegre retorquiu: “Não deixa de ser irónico que depois de ter gasto na Presidência mais 30 por cento que o seu antecessor Jorge Sampaio, venha agora acenar com o argumento da poupança”.
“Cavaco Silva diz agora ter pouco apetite pela bomba atómica da dissolução” da Assembleia, disse Manuel Alegre, “mas foi essa a sua principal promessa” nesta campanha. “Será que é dessa promessa e dessa agenda política que o país precisa? A quem verdadeiramente serve” a “crise política grave” anunciada há dias por Cavaco Silva? questionou Manuel Alegre. “Qual é o candidato que dá mais garantias de defesa da estabilidade, de lealdade institucional e de defesa dos direitos sociais consagrados na Constituição?” interrogou, interrompido de imediato pela assistência, que respondeu com entusiasmo “Alegre, Alegre”.
“Portugal precisa é de um Presidente que não poupe nas palavras, de um Presidente que não poupe na defesa do interesse nacional, de um Presidente que garanta a estabilidade e a lealdade institucional, de um Presidente que não poupe na garantia dos direitos sociais e sobretudo na integridade e no combate sem tréguas à promiscuidade entre os negócios e a política”, disse Manuel Alegre, novamente muito aplaudido e sintetizando algumas das principais bandeiras da sua campanha. “E também de um Presidente que não tenha medo de ser escrutinado”, lembrou, “e que não adie para depois do dia 23 a resposta às dúvidas e perguntas que lhe são feitas, porque isso é sinal de arrogância”.
“Gosto da democracia, gosto do confronto” mas “faço jogo limpo e acima de tudo sou um democrata, sou um socialista e sou um patriota”, reiterou. Garantindo que “nós não baixamos os braços, não deitamos a toalha ao chão”, Alegre destacou a presença a seu lado de José Sócrates, “num momento decisivo da campanha”, elogiando “a determinação e coragem com que tem defendido o interesse nacional e não se tem submetido à ditadura dos mercados financeiros”.
Alegre expôs os temas essenciais do seu compromisso eleitoral, desde a defesa da democracia consagrada na Constituição a uma outra visão da função presidencial, inspirada no conhecimento da história, da cultura e da língua portuguesa. “Eu sou um homem tolerante, sou um homem de liberdade, mas não serei um Presidente complacente”, garantiu, explicitando: “Serei absolutamente intransigente na defesa dos direitos sociais e dos serviços públicos que estão na Constituição”.
“Aqui, na minha terra, neste chão que me viu nascer, eu digo: nós estamos muito perto da segunda volta”, garantiu, renovando os apelos à mobilização de todos no próximo dia 23, “por Portugal, pela democracia e pelo Estado social”.